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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O jeito Mórmon de fazer negócios

Como uma doutrina religiosa é capaz de criar empresários e executivos de sucesso. 

Por Rodrigo CAETANO

Eles não bebem, não fumam, não usam drogas nem tomam café. Andam invariavelmente com camisas de manga curta e gravata. Os cabelos são impecavelmente penteados. Trabalham duro, muito duro. E estudam nas melhores universidades. A família é o que há de mais importante em suas vidas. Essa é a descrição dos seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecidos como mórmons. Criada no início do século 19 nos Estados Unidos, a religião espalhou-se por praticamente o mundo todo, inclusive no Brasil – onde tem 200 mil seguidores. O seu vasto império comercial é avaliado em US$ 40 bilhões.
 
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Assim na terra como na empresa: Carlos Wizard Martins, do grupo Multi, usa os conceitos
da religião como inspiração para gerir suas escolas de idiomas.
 
Dona de diversos negócios com fins lucrativos, organizados sob a holding DMC, com sede em Salt Lake City, no Estado de Utah, a empresa conta com seis subsidiárias, que controlam 11 estações de rádio, uma emissora de tevê, diversas empresas de mídia impressa e digital, além de uma prestadora de serviço de hospitalidade e uma seguradora, com mais de US$ 3,3 bilhões em ativos. Neste ano, inaugurou um shopping que custou US$ 2 bilhões em sua terra natal, onde está localizado o maior templo da Igreja, com capacidade para sete mil fiéis. É fácil entender por que os mórmons têm tantas posses. Eles podem ser considerados a mais capitalista das religiões – embora outras, como a calvinista, abençoem o lucro e estimulem seus seguidores a enriquecer, ela difere na forma como está organizada, semelhante à de uma corporação. 
 
Seus dogmas seguem conceitos que são muito apreciados no mundo dos negócios. Por essas razões, boa parte de seus fiéis são empreendedores de sucesso ou executivos bem-sucedidos em grandes empresas. No Brasil, pode-se citar o empresário paulista Carlos Martins, presidente do grupo Multi, dono de várias escolas de idioma e de informática, como a Wizard e S.O.S Computadores, cuja receita ultrapassa os R$ 3 bilhões. O brasileiro David Neeleman, que criou a companhia aérea Azul, atualmente dona de uma fatia de 10% do mercado de aviação civil nacional, é outro mórmon de destaque. Ele nasceu no Brasil, quando seu pai cumpria uma missão no País. Mais tarde, ele próprio foi missionário no Rio de Janeiro e no Nordeste. 
 
A lista inclui o gaúcho Francisco Valim, que tem o desafio de fazer a empresa de telefonia Oi crescer novamente. “Desde pequenos aprendemos a liderar e a lidar com a rejeição”, afirma Martins, referindo-se ao fato de pertencer a uma confissão minoritária. “Isso ajuda muito na hora de enfrentar o mercado de trabalho.” Nos Estados Unidos, destacam-se o candidato republicano à Presidência Mitt Romney, fundador da Bain Capital, empresa de private equity com uma carteira de investimentos superior a US$ 60 bilhões. Outro bilionário mórmon é Jon Huntsman, filho do fundador da Huntsman Corporation, gigante da indústria química, com valor de US$ 11 bilhões na bolsa de Nova York. 
 
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Quem também contribui com 10% de seus rendimentos à igreja é J.W. Marriot, presidente da cadeia de hotéis Marriot. Assim como para os católicos um dogma importante é acreditar na Santíssima Trindade, os mórmons são doutrinados pelo trabalho. Para seus devotos, trabalhar é uma obrigação espiritual, como ir à missa aos domingos e rezar o Pai Nosso é para os súditos do papa Bento XVI. O sucesso nos negócios, portanto, nada mais é do que um sinal de que o indivíduo está seguindo os mandamentos da Igreja. “Uma coisa que aprendemos é ser perseverantes”, afirma o mórmon Paulo Kretly, presidente da consultoria americana de treinamento FranklinCovey, no Brasil. “Dessa maneira, conseguimos o sucesso que algumas pessoas não alcançam por falta de paciência.” 
 
Nascido em uma família humilde — seu pai não chegou a completar o segundo grau —, Kretly precisou conciliar a carreira com os estudos e o trabalho voluntário na Igreja. Mesmo com as dificuldades, completou o mestrado e iniciou um doutorado. Essa firmeza e essa obstinação de objetivos são injetadas desde muito cedo aos fiéis. Aos 8 anos, eles são incentivados a fazer pequenos discursos nas igrejas, para perderem o medo de falar em público. Aos 19 anos, recebem um “choque de gestão” ao se alistarem nas missões. Voluntariamente, eles abandonam o convívio familiar e são encarregados da evangelização e conquista de novos adeptos, na maioria das vezes no Exterior. Antes de embarcarem, os missionários passam por um centro de treinamento, no qual aprendem a “vender” a religião. 
 
Durante a missão, que dura dois anos, podem entrar em contato com a família apenas duas vezes. “É uma experiência muito difícil, uma vez que temos de sair de casa para enfrentar o desconhecido”, afirma o mórmon Paulo Amorim, ex-sócio da Korn Ferry e atual presidente da Alexander Proudfoot, consultoria especializada em produtividade, na América Latina. “Quando voltamos, no entanto, somos capazes de vender qualquer coisa.” Com passagem pela Autolatina, fusão da Volkswagen com a Ford, no Brasil, nos anos 1980, e pela americana Pepsico, Amorim se especializou em trabalhar na formatação de grandes transações. Um exemplo em que esteve envolvido foi na consolidação das operações das Pizza Hut e KFC no Brasil. 
 
Jargões corporativos, como “coaching”, e palavras como liderança e conselho consultivo são também comuns para explicar o funcionamento da Igreja Mórmon. “A organização da Igreja é perfeita”, afirma Martins, do grupo Multi. “Qualquer empresa que adotá-la será bem-sucedida.” Foi o que fez Martins, quando começou, em 1987, a dar aulas particulares de inglês em Curitiba. Ele usou o método de ensino mórmon para aprender idiomas, que promete que qualquer um pode falar outra língua rapidamente. Tanto que, na ocasião, o empresário adotava o slogan “Inglês em 24 horas” como chamariz para atrair clientes. Um quarto de século depois, Martins é dono da maior rede de ensino de idiomas do País, que conta com 700 mil alunos. Tudo construído na base dos preceitos mórmons, com persistência e muito trabalho duro.
 
 
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sábado, 15 de dezembro de 2012

Professor e Empresário Mórmon, Carlos Wizard Martins

Posted: 10 Dec 2012 11:00 AM PST

A Revista Absoluta, em sua edição de número 100, fez uma reportagem especial sobre o professor e empresário Carlos Wizard Martins, que é membro d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons). Nas páginas 18 a 25 da revista a jornalista Isabelle Sabbatine  descreve a trajetória de Carlos Martins, contando inclusive sobre sua ligação com a Igreja. 
Em um dos trechos da matéria, Isabelle conta: 

"Filho de Antonio e Hilda Martins, ele nasceu em Curitiba, capital paranaense e, ao contrário do que se possa pensar, ele não herdou grande fortuna, nem veio de família rica. Seus pais eram humildes de hábitos simples. A mãe era costureira e pai comerciante e motorista de caminhão. Aos 12 anos, ele conheceu os missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) e o contato com os jovens americanos possibilitou que Carlos aprendesse as primeiras palavras em inglês. Mais tarde, teve a oportunidade de estudar na Universidade Brigham Young (BYU). E foi nesta instituição – considerada uma das dez melhores universidades americanas, em Utah, que se formou em Ciência da Computação. “Minha experiência no tradicional campus da BYU foi muito gratificante, pois enquanto me preparava academicamente fui convidado para lecionar português em um dos maiores centros de ensino de idiomas do mundo, o MTC, sigla em inglês para Missionary Training Center. Passei a conviver com milhares de jovens que, em apenas oito semanas de aulas, conseguiam expressar-se livremente em um segundo idioma”, recorda."

Leiam esta interessante matéria em http://www.absoluta.com.br/revistas/gente/100/